Olá meninas, hoje eu gostaria de conversar com vocês sobre algo que já conversamos antes, o sofrimento. Foi umas das minhas primeiras devos para o Papo de Guria, e quando eu a escrevi eu percebi como Deus tinha me ensinado e o quão bom é poder dividir isso com quem entende como é sentir-se assim e também com aqueles que precisam de animo.
Há mais ou menos dois anos atrás minha família e eu perdemos minha irmãzinha (Gabi), e sem dúvida alguma foi a coisa mais difícil que já nos aconteceu. Choramos, sofremos e sentimos saudades, mas Deus é bom e cuidou de cada um de nós, nos mínimos detalhes. Não posso dizer que não dói e nem que as vezes não bate uma vontade de ter ela aqui, porque isso seria mentira. Mas se teve algo que eu aprendi com a situação da Gabi foi a olhar as coisas ruins de outro jeito. “O que Deus tem para me ensinar com isso?”. E você pode me dizer “Mas Sara, eu não consigo controlar, fico brava, questiono o porque disto ou daquilo, e quero que as coisas saiam do meu jeito”. Tudo bem, realmente as vezes agimos assim, eu mesma já fiz isso várias vezes (o que não significa que seja certo), mas com o tempo podemos sim aprender a nos controlar e a bendizer o Senhor mesmo quando nosso coração quer fazer o contrario. E isso que Paulo nos mostra.
“Não só isso, mas também nos gloriamos nas tribulações, porque sabemos que a tribulação produz perseverança;
a perseverança, um caráter aprovado; e o caráter aprovado, esperança.”
E aqui ele toca em um ponto que eu gostaria de destacar e razão pela qual contei a vocês sobre a Gabi : esperança.
Esperança que ela volte? Não, claro que não. Esperança de vê-la no céu quando o Pai voltar para nos buscar? Sim, isso sim. Mas não apenas isso. Quando minha irmã faleceu eu evitava falar dela com as pessoas, não porque doía, pelo contrário é um prazer falar sobre como Deus tem sido maravilhoso usando isso para nos ensinar, mas porque eu não suportava a cara de pena das pessoas. Eu me lembro de pensar “Não quero a pena de ninguém, não é uma pena. É a vontade de Deus”, e eu repetia isso para mim mesma várias e várias vezes. E se tinha algo que eu tinha certeza era que Deus iria nos abençoar se fizéssemos aquilo que Ele queria. “O que Deus queria Sara?” Acredito que Ele queria que fizemos mais para Ele e por Ele. Ele queria que vivêssemos mais perto Dele, não apenas indo aos cultos, fazendo devocional e orando, mas vivendo todos os dias 24 horas por dia com Ele. Nunca pensei em fazer algo ou deixar de fazer para receber uma recompensa de Deus no fim. Para dizer a verdade, a benção que eu imaginava como recompensa era ver toda minha família tendo um relacionamento intimo e pessoal com o Senhor. Era sinceramente tudo o que eu queria, e Ele como grande Pai amoroso que é, me deu muito mais que isso.
Uma vez eu ouvi : “Como você pode continuar orando para esse Deus que matou uma criança?” E eu ri no dia, porque não consegui me imaginar nessa posição de “dona” da Gabi. Isso foi mais uma coisa que aprendi. A Gabi não era minha ou dos meus pais, ela é de Deus. Ele nos deu ela, e ele nos tirou ela, porque tudo é Dele, e em momento algum eu pensei que Deus havia nos abandonado ou estava nos punindo ( o que também não significa que não tenha machucado, porque sim machucou, mas ao mesmo tempo em que doía eu sentia uma paz tão esmagadora que eu não conseguia pensar em outra coisa além de tentar ver algo bom nisso).
E eu vi. Vi o lado bom da situação. Vi Deus agindo e nos dando várias oportunidades de fazer a coisa certa. Vi como ele moldou nosso caráter. Vi como Ele sempre está com a gente mesmo quando falhamos com Ele e fazemos tudo ao contrario do que Ele mandou. Vi Ele quebrantar o coração da minha família, um por um, de pouquinho em pouquinho( e Ele continua fazendo isso viu? Não somos bons bonitos e perfeitos não). E vi Ele nos disciplinar quando necessário também. Mas principalmente eu vi como Ele nos ama, a cada um de nós, em nossas particularidades, em nossas fraquezas e defeitos.
Agora, as coisas são bem mais fáceis sobre a Gabi, sinto-me honrada por Deus ter me dado o prazer de ter ela em minha família, e por nos edificar tanto como aconteceu. E hoje para honrar e glorificar o nome do Senhor, Ele está me dando mais um irmãozinho (Ou irmãzinha, não sabemos ainda). Não para substituir a Gabi, não não. Nada poderá substitui – lá. Também não vejo o bebê como um consolo, acho que Deus foi muito mais do que suficiente em toda a situação para nos consolar e confortar. Mas eu vejo no bebê mais um motivo de louvor ao Senhor. Porque um dia ele vai crescer e poderemos contar a ele como Deus foi bom conosco e eu espero que isso confronte o coração dele como confronta o meu, e que ele possa entender quem é o Pai maravilhoso que temos como um dia minha família e eu entendemos.
Um versículo que eu lia muito quando ficava meio para baixo era o Isaias 57.1-2
“O justo perece, e ninguém pondera sobre isso em seu coração; homens piedosos são tirados, e ninguém entende que os justos são tirados para serem poupados do mal.
Aqueles que andam retamente entrarão na paz; acharão descanso na morte.”
Ler isso me deixava tão bem, que as vezes parecia que não tinha acontecido. Atualmente, quando me perguntam quantos irmãos eu tenho digo que tenho 5 com o maior sorriso (sim tenho 5 contando com o bebê e com a Gabi). Por tudo o que eles são para mim, mas principalmente por quem Deus é na vida deles mesmo eles sendo tão pequenos.
Então, para encerrar (porque falei demais hoje), gostaria que você se desafiasse a tentar ver o lado bom das situações ruins, por piores que elas sejam. Deus irá honrar você e nunca te abandonara (assim como nunca me abandonou). Ore a Deus pedindo que Ele ajude você a ter um coração apto para aprender. Que Deus abençoe e que vocês sempre tenham a certeza de que Deus é sempre bom.
Fiquem com Deus, beijos.

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